Wednesday, 16 December 2020

Capuchinha (Tropaeolum majus)

A Capuchinha (Tropaeolum majus) é originária da região dos Andes, na América do Sul. A espécie é utilizada como planta ornamental em parques e jardins das regiões subtropicais temperadas de todo o mundo, estando naturalizada em múltiplas dessas regiões.

É conhecida por muitos nomes entre os quais cinco-chagas, capuchinha, bico-de-papagaio, capuchinho, mastruço-do-peru, flor-de-chagas, nastúrcio, agrião-do-méxico, chaguinha, agrião-da-índia, mastruço, mastruz ou Nasturtium em inglês. 


O naturalista suíço Gaspard Bauhin havia a nomeado, no século XVII, como ‹Nasturtium indicum›, pois achou que era um nastúrcio da Índia (o nastúrcio é uma planta aquática de outro gênero). O nome científico de Bauhin não pegou, mas até hoje a espécie é chamada de nastúrcio-de-jardim e agrião-da-índia. ‹Nasturtium› virou também mastruço e mastruz em português – outros nomes da planta.


Tropaeolum foi importado pela primeira vez para a Espanha pelo botânico espanhol Nicolás Monardes , que publicou um relato em 1569 intitulado Joyful News out of the Newe Founde Worlde, no qual ele descreveu, entre outras coisas, as plantas e animais descobertos na América do Sul. O herborista inglês John Gerard relata ter recebido sementes da planta da Europa em seu livro Herball, ou Generall Historie of Plantes, de 1597 . Tropaeolum majus foi batizado pelo botânico sueco Carl Linnaeus, que escolheu o nome do gênero porque a planta o lembrava de um antigo costume: após a vitória na batalha, os romanos ergueram um poste de troféus (ou tropaeum , do grego tropaion , fonte do inglês " troféu ") no qual a armadura e as armas do inimigo vencido foram penduradas. As folhas redondas da planta lembravam a Linnaeus escudos e suas flores, capacetes manchados de sangue. 


Como a flor de capuchinha tem uma espora (um apêndice cônico), logo a associaram ao capucho (capuz) dos monges, que também tinha uma pontinha. Inclusive, até hoje os religiosos da ordem de São Francisco são chamados de capuchinhos. Ainda na esfera religiosa, como a flor tem cinco pétalas vermelhas, outros nomes que ganhou foi flor-de-sangue e flor-de-chagas, em referência às cinco chagas de Cristo. Se bem que há pétalas não só vermelhas, mas alaranjadas e amarelas também. 


Descrição

É uma planta herbácea anual de pequeno porte (caméfito), com ramos rasteiros e retorcidos, ligeiramente suculenta, trepadora ou rastejante. 


As folhas alternadas são sem pêlos, peltadas e inteiras. Os pecíolos ou caules das folhas são longos e em muitas espécies são capazes de se enroscar em outros caules para fornecer suporte. As flores são bissexuais e vistosas, colocadas individualmente em longos caules nas axilas das folhas. Eles têm cinco sépalas , a superior das quais é alongada em um esporão de néctar. As cinco pétalas têm garras, com as três inferiores ao contrário das duas superiores. Os oito estames estão em dois verticilos de comprimento desigual e o ovário superior tem três segmentos e três estigmas em um único estilete . O fruto é nu e semelhante a uma noz, com três segmentos de semente única. 


Existem numerosas variedades cultivadas, frequentemente assilvestradas, com flores flores que vão da cor vermelha a branca, sendo mais frequentes as variedades de flores alaranjadas e amarelas. 



Cultivo

É de fácil cultivo pois não é muito exigente quanto ao solo e não exige muitos cuidados. Gosta de Sol e meia sombra. Reproduz-se por meio de sementes, ou se preferir pode optar pela divisão de touceiras. Surgem cerca de oito semanas depois da germinação sendo que a melhor época para isso é no início da Primavera. As regas devem ser feitas de modo espaçado. O solo deve manter-se húmido, mas nunca encharcado. Se houver excesso de humidade, pode criar-se um ambiente propicio para a proliferação de fungos e para o aparecimento de lesmas ou outros gastrópodes.


Na horta, as capuchinhas podem ser usadas como “plantas companheiras”, para a plantas como beterraba, brócolos, couve-de-bruxelas, repolho, couve-flor, pepino, couve, couve-rábano, abóboras, rabanete, abóbora, tomate e batata. Podem também ser usadas na luta biológica como plantas “sacrificiais”.

Ao atraírem para si os parasitas como os afídios e a mosca-branca, evitam que eles vão para outras plantas. É o caso das favas e dos brócolos. Os afídios vão ser atraídos para as flores da capuchinha, e também ajuda a proteger as abóboras dos escaravelhos. É certo que quando a planta estiver atacada, vai perder muita da sua beleza. Mas podemos cortar as partes da planta atacadas e destrui-las. Aliás, deve-se arrancar as folhas que estiverem murchas pois vai fomentar novas florações na planta.



Nutrição

As propriedades da capuchinha incluem a sua ação antibiótica, expectorante, desinfetante, digestiva, anti-séptica, depurativa, digestiva, estimulante, sedativa, purgativa e diurética.


Dotada de muito betacaroteno, as flores contêm cerca de 130mg de vitamina C por 100gr e até 45mg de luteína por 100gr, que é a maior quantidade encontrada em qualquer planta comestível. 


A planta é fonte de  fibras, sais minerais como potássio, cálcio e zinco, além de compostos sulfurosos benéficos ao sistema imunológico e fitoquímicos protetores. Contém ainda um óleo essencial, rico em tiocianato de benzilo e glucotropeolina, sendo utilizado em medicina tradicional em casos de infecções das vias urinárias, nefrite e gripes. As folhas são também ricas em ácido ascórbico, isoquercitrina e helenina, sendo utilizadas maceradas no tratamento de hematomas.


Utilização


Toda a planta é comestível, crua ou cozida. A flor, quanto mais amarela, mais picante o sabor. O sabor é uma mistura de agrião com rúcula, com um gosto mais suave. 


A capuchinha serve para tratar falta de apetite, problemas digestivos, retenção de líquidos, infecção urinária, escorbuto, fortalecimento do couro cabeludo, pele envelhecida, acne, alergias na pele, caspa, eczema, insônia, depressão, cicatrização de feridas, sinusite, faringite, gripes e constipações, catarro, bronquite crónica. A flor é rica em luteína, um carotenóide com propriedades benéficas para a visão. 


A capuchinha está contraindicada para pacientes com gastrite, hipotireoidismo, insuficiência cardíaca ou renal e mulheres grávidas ou em fase de lactação


A flor da capuchinha tem uso versátil na cozinha, podendo ser ingrediente de saladas e complemento de carnes e queijos. As folhas têm um gosto picante e apimentado e servem para salada. A vagem verde tem um sabor mostarda distinto e quando conservada em picles pode substituir as alcaparras em pizzas e saladas. As sementes moídas podem ser um substituto da pimenta, para quem gosta de temperos mais ardentes.


Para diminuir o amargo da capuchinha, pode-se adicionar um pouco de açúcar demerara ou melado de cana ou colocar suco de fruta, como por exemplo o de laranja, em molhos e saladas que contenham capuchinha, para adocicar um pouco mais o sabor.


Uma alternativa de preparo culinário com a capuchinha é amassar e macerar as suas pétalas e folhas no azeite, em molhos ou no vinagre.


Receitas

Charuto de Capuchinha

  • 1/2 pacote de ricota (200 gramas)

  • 1/2 xícara de ervas frescas picadas (salsinha, cebolinha, manjericão, orégano…)

  • 1/3 de xícara de azeite extra-virgem

  • 25 folhas grandes ou médias de capuchinha

  • Sal e pimenta do reino a gosto


Numa tigela, quebre a ricota com o garfo, adicione o azeite, sal e pimenta do reino. Misture bem e, por último, incorpore as ervas. Pegue pequenas porções e coloque na parte debaixo da folha de capuchinha e enrole, igualmente faria com uma massa de panqueca. Faça isso com cada folha. Sirva fresco.


*Se desejar, pode rechear também o miolo das flores de capuchinha ou até mesmo colocar as flores picadas juntamente com as ervas para potencializar o sabor de agrião.


Omelete de capuchinha

  • 2 batatas cozidas e descascadas

  • 2 colheres de sopa de leite vegetal de sua preferência

  • 1/2 xícara de farinha de trigo

  • 2 sementes de capuchinha

  • 2 folhas jovens de capuchinha

  • 4 capuchinhas, apenas as pétalas

  • Sal e pimenta-do-reino, a gosto

  • 1 colher de sopa de óleo de coco ou um fio de óleo de girassol para fritar o omelete


Amasse bem as batatas e misture com o leite vegetal e a farinha de trigo bata bem para ficar uma massa homogênea. Amasse as sementes de capuchinha, com a parte de trás de um garfo e as adicione à massa

Acrescente à massa, as folhas e as pétalas da capuchinha. Tempere a gosto com sal e pimenta. Coloque o óleo de coco ou um fio de óleo de girassol na frigideira e deixe em fogo baixo, para esquentar. Quando esquentar, coloque a mistura do omelete e deixe fritar em fogo baixo, vire o omelete do outro lado para fritar de maneira uniforme. Enfeite com pétalas de capuchinha e pode servir.


Spätzle de folhas de capuchinha

  • 1/4 de xícara de folhas cozidas de capuchinha (cerca de 10 unidades grandes)

  • 1 ovo

  • Água

  • 1 pitada de noz-moscada moída

  • 1/2 colher (chá) de sal ou a gosto

  • 1 e 1/2 xícara de farinha de trigo

  • 2 colheres (sopa) de manteiga

  • 1 colher (sopa) de azeite

  • Pimenta-do-reino

  • 1/2 xícara de folhas rasgadas e pétalas de capuchinha

  • Queijo meia cura, em lascas


Lave bem as folhas de capuchinha e cozinhe em água fervente por 2 minutos ou até ficarem bem macias. Escorra e espere esfriar. Coloque as folhas cozidas dentro de uma xícara padronizada (de 240 ml), amassando bem, e complete com um ovo e água. Bata tudo no liquidificador até ficar cremoso. Ponha numa tigela e junte a noz-moscada e o sal. Misture bem e junte a farinha, mexendo sempre, até resultar numa massa elástica densa – se precisar, junte mais farinha. Bata bem e passe a massa pelo instrumento de fazer spätzle ou nhoque de pingar, deixando cair sobre água fervente. Se não tiver o instrumento, use uma tábua de carne (coloque a massa perto da borda da tábua, apoie-a na panela e, com as costas de uma faca molhada, vá empurrando fitinhas de massa para a água). Quando os pequenos nhoques subirem à superfície, retire-os com uma escumadeira e transfira para uma travessa. Coloque a manteiga e o azeite numa frigideira grande e leve ao fogo. Quando a frigideira estiver bem quente e a manteiga derretida, junte os nhoques e deixe fritar um pouco. Desligue o fogo, tempere com pimenta-do-reino triturada na hora e junte as flores de capuchinha. Chacoalhe a frigideira e distribua em três pratos. Espalhe por cima as lascas de queijo meia cura e sirva a seguir.


Pesto de Capuchinha

  • 100g de capuchinha (flores e folhas)

  • 100g de castanha de caju, nozes, amendoins, amêndoas ou sementes de girassol.

  • 1 dente de alho

  • 100g de queijo parmesão ralado

  • Azeite de oliva extra virgem


Coloque todos os ingredientes no liquidificador com ½ xícara de azeite de oliva. Bata no modo pulsar e vá acrescentando o azeite de oliva aos poucos. Quando todos os ingredientes estiverem bem misturados, bata no modo normal do liquidificador.


Risoto de capuchinhas

  • 1 xícara de arroz carnaroli (ou arbóreo)

  • 1 l de caldo de legumes

  • ½ cebola grande picada

  • 1 dente de alho picado

  • 1 cálice (de licor) de vinho branco

  • 10 flores de capuchinha

  • 10 folhas grandes de capuchinha

  • 2 colheres (sopa) de queijo gorgonzola picado

  • 1 colher (sopa) de manteiga

  • Sal e pimenta-do-reino a gosto


Modo de preparo: em uma frigideira grande, refogue no azeite a cebola e o alho, deixe dourar e acrescente o arroz. Frite por alguns segundos e adicione o vinho, espere o álcool evaporar e acrescente 2 conchas de caldo de legumes. Conforme o arroz for secando vá colocando mais uma concha de caldo, repita o processo até obter um arroz levemente al dente. Após 20 minutos de preparo, adicione as folhas de capuchinha. Desligue o fogo, adicione a manteiga e tampe por alguns poucos minutos. Destampe, mexa para misturar a manteiga derretida ao arroz, acrescente as flores levemente picadas e o queijo gorgonzola, misture delicadamente e sirva imediatamente. Decore com mais flores de capuchinha.


"Alcaparras dos Pobres" Picles de Sementes de Capuchinha

  • 1/4 xícara de sal para cada xícara de sementes da Capuchinho

  • 1 de folha de louro

  • 1 colher de sopa de sementes de zimbro

  • 1 colher de sopa de pimenta do reino

  • 2 xícaras de água

  • 1 xícara de vinagre branco

  • 1 colher de chá de sementes de aipo (opcional)


Colha as sementes jovens, de cor verde claro, enquanto eles ainda estão na planta. Separe as vagens em sementes individuais e remova as flores secas. Lave em água. Agora faça uma salmoura. Em um jarro , dissolva o sal em água fria (1/4 xícara de sal para cada xícara de sementes). Adicione as sementes. Certifique-se de que todas as sementes estão cobertas com salmoura. Deixe a solução salina assentar durante a noite, a temperatura ambiente. As sementes vão virar um verde acinzentado durante este estágio.


Drene as sementes e enxague novamente para remover o excesso de sal. Em uma panela pequena em fogo médio, trazer o vinagre, folha de louro , bagas de zimbro e pimenta preta a uma fervura baixa. Em seguida, cozinhe por 10 minutos. Coloque o frasco de vidro com sementes em uma placa de madeira e despeje o vinagre quente sobre as sementes , cobrindo-as completamente. Deixe o frasco esfriar à temperatura ambiente antes de selar com a tampa. Após 3 semanas a conserva esta pronta para comer . Corte finamente e adicione a sua salada favorita. Elas também vão muito bem com batatas e massas.


Tintura de Capuchinha

  • 200 g de erva seca ou de mistura de ervas. No caso de erva fresca, esta deve ser primeiro seca antes de ser usada na preparação da tintura; 

  • 1 litro de vodka com percentual de álcool de 37,5%. 


Esterilizar um pote de vidro escuro com tampa. Para isso, deve lavar bem o pote com água quente e sabão, deixar secar e levar ao forno durante 15 a 20 minutos; Picar bem a erva seca e colocar no pote de vidro, adicionando em seguida a vodka até que as ervas fiquem cobertas; Mexer bem a mistura e verificar se todas as ervas estão submersas;  Fechar o pote de vidro e deixar repousar durante 3 semanas em local fresco e arejado, agitando a mistura 1 vez por dia; Após 2 semanas, coar a mistura usando um coador de café de pano ou um filtro de papel; Colocar a mistura novamente num pote de vidro esterilizado, que deve ser etiquetado com a data e a lista dos ingredientes usados. 


Tratamento de infeccoes urinárias

  • 35 gotas de tintura de capuchinha

  • 1/5 xícara de água morna


Misture muito bem todos os ingredientes e tome a seguir. Este remédio deve ser ingerido 3 a 5 vezes ao dia. 


Infusão de capuchinhas para gripes, constipacoes, sinusite e faringite

Junte 20gr de folhas ou flores para um litro de agua a ferver durante 10 minutos. Beba uma chávena 3 vezes ao dia.


Infusão de capuchinha para caspa

Adicionar 4 colheres de capuchinha picada em ½ litro de água fervente e depois lavar os cabelos com esta infusão.




Fontes:

https://pt.qaz.wiki/wiki/Tropaeolum

https://www.tuasaude.com/capuchinha/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Tropaeolum_majus

https://pt.wikihow.com/Usar-Capuchinhas-na-Comida

https://sabordefazenda.com.br/charuto-de-capuchinha/

https://www.hortasbiologicas.pt/flores-na-horta-capuchinha.html

https://saracura.org/2016/02/19/sementes-de-capuchinha-em-conserva/

https://www.facebook.com/NomesCientificos/posts/1370640533086455/

https://www.hortasesaberes.com.br/post/2018/07/25/risoto-de-capuchinhas

https://ciclovivo.com.br/vida-sustentavel/alimentacao/como-fazer-pesto-de-capuchinha/

https://paladar.estadao.com.br/noticias/receita,spatzle-de-folhas-de-capuchinha,10000012347

https://asenhoradomonte.com/2017/04/03/propriedades-e-indicacoes-terapeuticas-das-capuchinhas/

https://www.greenme.com.br/receitas-saudaveis/69138-receitas-culinarias-com-a-planta-capuchinha/

https://revistagloborural.globo.com/vida-na-fazenda/como-plantar/noticia/2017/03/como-plantar-capuchinha.html





No comments:

Post a Comment