Saturday, 20 February 2021

Dente-de-Leão (Taraxacum officinale)

O Dente-de-leão é uma planta perene herbácea da família Asteraceae (Compositae) de nome científico Taraxacum officinale, também conhecida por coroa-de-monge, amor-dos-homens, quartilho, taráxaco ou  frango. No Brasil é apelidada por Alface-de-côco, em inglês Dandelion, em castelhano Dente de Leon e, em francês, por Pisenlit devido às suas propriedades diuréticas.


Taraxacum deriva do Árabe tarakhshagog (ou tarakhshaqūn), palavra usada para ervas amargas. O epíteto específico officinale é usado para plantas com usos na medicina e herbalismo. A planta é conhecida como dente-de-leão em referência às suas folhas dentadas.


Nativa da Europa e Ásia. Atualmente é naturalizada na América do Norte, América do Sul, África meridional, Nova Zelândia, Austrália e Índia. O dente-de-leão era já conhecido dos médicos árabes da Antiguidade (séc. XI) Rhazes e Avicena que a ela se referiam como uma das grandes plantas estimulantes do fígado. Aparecia ainda em quase todos os tratados médicos da Idade Média, devido também às suas propriedades diuréticas. Depois da Idade Média caiu um pouco no esquecimento, mas no início do séc. XX foi reabilitada, tão universal foi o reconhecimento das suas propriedades que todas as terapêuticas em que era utilizada passou a chamar-se taraxoterapia.


Considerada uma erva daninha por muitos, tamanha é a facilidade com que se dissemina, inclusive através de brincadeiras de crianças como a do pai careca, que sopram as suas sementes ao vento, espalhando-as e ajudando a planta a germinar.

Descrição

O Dente-de-leão cresce a partir de uma raiz primária não ramificada e produz um ou mais de dez caules com tipicamente 5-40 centímetros de altura, mas às vezes até 70 centímetros de altura. O caule é oco epode ter uma cor arroxeada, podem ser eretos ou frouxos e produzem capítulos mais altos à mesma altura ou mais altos que a folhagem. A folhagem pode crescer na vertical ou espalhar-se horizontalmente. As folhas são todas basais. Os caules podem ser glabros ou esparsamente cobertos com pequenos pelos.


As folhas têm 5-45 centímetros de comprimento e 1-10 centímetros de largura e têm uma forma oblanceolada, oblonga ou obovada com a base ficando gradualmente mais estreita em direção ao petíolo. As margens apresentam tipicamente lóbulos rasos a profundos e muitas vezes são laceradas ou dentadas. As brácteas que sustentam o capítulo são compostas por 12 a 18 segmentos. Têm uma forma lanceolada e os ápices têm forma acuminada. Num capítulo pode-se ter 40-100 flores e as corolas são amarelas. Os frutos, chamados cipsela, têm 2-3 milímetros de comprimento e apresentam 4-12 estrias que facilitam a sua aderência à pelagem de animais e a outras superfícies. O papus tem uma textura sedosa e cerca de 6 milímetros de largura. Tem um papel importante na dispersão dos frutos. A raiz é aprumada de cor branca ou amarelo acastanhada. Todas as partes contêm um suco leitoso que na primavera se concentra na folha e no verão mais nas raízes. As sementes são leves, esvoaçantes e coroadas de um papilho.




Cultivo

Cresce em estado selvagem em quase todo o mundo, nos prados e relvados, bermas das estradas, caminhos e cursos de água e em outras áreas com solos húmidos, terrenos incultos e até nos jardins dos centros urbanos pois é muito resistente à poluição. É considerado uma infestante dinâmica e, num relvado podem "estragar o aspecto" (dependendo dos conceitos individuais) mas na verdade não estão em competição com a relva devido às raízes profundas que possuem, trazem para a superfície os minerais existentes em profundidade, especialmente o cálcio, promovendo desta forma a restauração do solo, conseguindo penetrar mesmo nas formas mais endurecidas do solo. O solo em redor é apreciado pelas minhocas, dado que a planta é um bom produtor de húmus. Quando o dente-de-leão morre, as suas raízes servem de via para a penetração das minhocas nas camadas fundas do solo inacessíveis de outro modo a estes vermes tão úteis aos nossos jardins e hortas. Estimula ainda o crescimento de outras plantas de flor e o amadurecimento dos frutos. 


As flores são ricas em néctar e embora o seu pólen tenha baixa qualidade nutricional para as abelhas, estas consomem-no rapidamente e atrai ainda borboletas e alguns tipos de pássaros, sendo uma fonte importante de diversidade nutricional em monoculturas, bastante utilizada nos preparados de agricultura biodinâmica e frequentemente colonizadora de habitats perturbados através da dispersão pelo vento ou em sementes no solo em estado dormente.


São produzidas inúmeras variantes da forma básica do dente-de-leão dependendo do tipo de paisagem, solo, estação, clima, altitude, etc. A floração é de fevereiro a julho.



Nutrição

O dente-de-leão é uma planta muito nutritiva, sendo que seus principais componentes incluem vitaminas A, B6, C, D e minerais como cálcio, ferro, magnésio, cobre, bastante potássio e sílica. Contém ainda fibras solúveis na raiz, taraxacina, que lhe confere o sabor amargo, taninos, ácidos fenólicos, resina, inulina, pectina, tiamina, cumarinas, inositol, carotenóides, beta-caroteno, açúcar e glicócidos. Estudos comprovaram que contém mais vitamina A do que a cenoura e que uma chávena do seu chá tem a mesma quantidade de cálcio presente em meio copo de leite. Tem propriedades antioxidantes, diurécticas, depurativas, anti-inflamatórias e hepatoprotetoras.

Utilização

O Dente-de-Leão tem sido usado há muito na medicina tradicional da Europa, América do Norte e China. 

Devido às suas propriedades é usado para auxiliar no tratamento de transtornos digestivos, problemas no fígado e pâncreas, serve ainda para ajudar no tratamento de doenças hepáticas, problemas das vias biliares, hemorróidas, gota, reumatismo, problemas renais e diabetes. Parece também aumentar a produção de insulina, podendo ajudar no tratamento da diabetes, além de ter forte poder diurético, podendo, por isso, ser usado como complemento do tratamento de infecções urinárias, retenção de líquidos e pressão alta. Os diuréticos costumam provocar uma perda importante de potássio, e isso não acontece com o dente de leão, já que esta planta tem um altíssimo teor deste mineral na sua composição. A raiz da planta também tem um efeito laxante leve e é um eficaz desintoxicante do fígado e da vesícula, ajudando a eliminar resíduos e estimulando os rins da expulsão das toxinas via urina.


O seu chá é desintoxicante e considerado ótimo emagrecedor, devendo ser tomado até três vezes ao dia, já que, como diurético, não deve ter consumo exagerado. É apropriado para uma “limpeza” do organismo, especialmente após um período de exageros alimentares, onde abusamos de substâncias não muito saudáveis ao organismo, como comidas e bebidas em excesso. Estas infusões estimulam o fluxo da bílis e auxiliam a digestão, constituindo um medicamento suave contra a flatulência, digestões lentas ou mau funcionamento da vesícula biliar, evitando a formação de cálculos e ajudando a digerir gorduras.  Assim, é lícito dizer que o fígado é o órgão mais beneficiado pelo dente de leão, pois este o ajuda a eliminar as toxinas do sangue e a desobstruir os canais biliares. Esses benefícios ao fígado são um dos principais motivos para a popularidade da planta a nível mundial, onde várias pesquisas confirmaram essa propriedade. Além disso, de acordo com um estudo feito na China em 2011, o chá desta planta também parece ser capaz de eliminar mais rapidamente a infecção pelo vírus Influenza, responsável pela gripe comum e estimula a eliminação regular de toxinas causadas por infecções ou poluição.


Além destas, o dente de leão pode ainda tratar arteriosclerose, anemia, astenia, artrose, celulite, cistite, cirrose, constipações, colesterol, distúrbios menstruais, hepatite, obesidade, gastrite, prisão de ventre (laxante leve), varizes e vesícula. 


Em caso de dermatites como furunculoses, abcessos, erisipela, urticária, psoríase, eczemas crónicos, pode ser utilizada interna [tisanas] ou externamente [lavagens] purifica o sangue e os tecidos, sendo útil no tratamento de doenças de pele, erupções cutâneas e varizes. Funciona como loção de limpeza para peles com tendência a acne e a acumulação de impurezas. A sua seiva leitosa serve para tratar verrugas e calosidades. 



As folhas verdes e tenras do dente-de-leão são uma boa fonte de cálcio, ferro, vitamina C e de beta-caroteno, que é a vitamina A existente dos frutos amarelos e nos vegetais verdes. Segundo a American Cancer Society, uma dieta rica nestes vegetais poderá diminuir o risco de alguns tipos de cancro e é ainda reconhecida por proteger os olhos e reforçar o esmalte dos dentes.


Muitas pessoas desconhecem, mas o dente-de-leão também pode ser usado na sua forma natural na culinária. Todas as partes das plantas podem ser utilizadas: folhas, flores e raízes. As folhas são colhidas na Primavera até ao final de Maio; as flores podem ser consumidas quando desabrocham e as raízes podem ser retiradas do solo no Outono e secas ao sol ou no forno para guardar para o Inverno. 




Uma vez que é uma planta segura para consumo, podendo ser consumido cozido ou cru, pode ser utilizado para preparar saladas, sopas e até algumas sobremesas. Podem ser cortadas aos pedaços pequenos (o azeite usado dilui o sabor amargo das plantas mais crescidas), em sumos (comece com uma quantidade pequena) ou cozidas como se fossem espinafres. Melhor se comidas cruas, porque mantém assim todos os nutrientes intactos. 


Normalmente, as folhas mais jovens e os rebentos fechados são comidos crus em saladas, enquanto que as folhas mais velhas são cozidas. As folhas cruas têm um sabor ligeiramente amargo. Os botões por desabrochar são deliciosos quando cozidos com alhos-porros e temperados ligeiramente com manteiga/azeite, sal e pimenta. Pode também cozinhar a vapor ou confeccionar deliciosas tartes de dente-de-leão e urtigas. As flores podem também ser adicionadas em saladas depois de removidas todas as partes verdes (sépalas e caule), pode ainda fazer um pome de ovo, farinha e leite onde se mergulham as flores que depois serão fritas. Podem ainda ser usadas para fazer vinho que em Inglaterra se põe a fermentar em abril para ser consumido no Natal ou Pissenlit, um tipo de ale feito na Bélgica. As raízes jovens descascam-se e fritam-se ou cozem-se como se fossem espargos. As raízes de dente-de-leão, depois de lavadas, torradas no forno e moídas, podem utilizar-se como um bom substituto do café. 


Pode ser ainda utilizado para tinturaria, pois dos seus botões pode obter-se uma tinta amarela clara; das raízes outro amarelo acastanhado utilizado para tingir lã e algodão. Para confeccionar estas tintas, esmagar meio alguidar de flores ou raízes, cobrir com água e deixar de molho durante 12 horas. No dia seguinte, ferver entre 15 minutos a 2 horas, dependendo da intensidade da cor desejada, ir juntando mais água se necessário, deixar arrefecer e coar. Inserir a peça de roupa a tingir e voltar a ferver em lume brando durante meia hora, mexendo sempre. Remover a roupa e enxaguar com água fria até esta não apresentar vestígios de tinta. 



Contra indicações

Embora seja raro, a utilização de dente-de-leão pode provocar transtornos gastrointestinais ou reações alérgicas. O Dente de leão está contraindicado para pacientes que sofram de obstrução dos ductos biliares ou de oclusão intestinal, com hipertensão descontrolada, esofagite ou hérnia de hiato. Grávidas também devem evitar o seu consumo.

Receitas

Chá de raiz de dente de leão

  • 1 colher (de sopa) de raiz de dente-de-leão;

  • 200 ml de água fervente.


Para preparar o chá, basta juntar a água fervente com a colher de raiz e deixar repousar durante 10 minutos. Depois, coar, deixar amornar e beber até 3 vezes ao dia. No caso de problemas gastrointestinais, deve-se beber o chá antes das refeições.


Chá de folhas de dente de leão

  • 2 c. (sopa) da erva

  • 1 l de água


Coloque a erva e o litro de água a ferver, quando a água alcançar a fervura, tape a panela e abafe por cerca de 10 minutos. Depois disso, lembre-se de coar e o seu chá estará pronto para ser bebido. Este chá possui um gosto amargo leve, oferece todos os benefícios e tem apenas 25 calorias por chávena! Se tomado três vezes ao dia, o efeito emagrecedor é mais eficaz.


Infusão contra Gota

  • 15 g de folhas e raízes de dente de leão

  • 250 ml de água


Coloque as folhas e raízes na água e deixe levantar fervura. Deve repousar 10 minutos e ser consumida duas a três vezes ao dia.


Cataplasma para reumatismo

  • 3 c. (sopa) de folhas de dente de leão

  • 50 ml de água


Coloque as folhas de Dente de leão na água e deixe ferver durante 5 minutos. Depois esmague a mistura, espalhe-a sobre um pano de linho limpo e aplique sobre a articulação dolorida.


Sumo contra cálculos renais

  • 4 folhas de dente de leão

  • 1 copo de água

  • Sumo de limão q.b.


Bata as folhas com a água na liquidificadora. Acrescente gotas de sumo de limão e tome duas a três colheres de sopa por dia.


Baixar o Colesterol

  • 15 g de dente de leão

  • 15 g de tília

  • 1 l de água


Coloque as plantas na água e deixe levantar fervura. Repousa cinco minutos, coe e deixe arrefecer. Deve ser bebida até três vezes ao dia. A planta de dente de leão possui propriedades para baixar o colesterol, que se complementam com as propriedades da tília. Desta forma, as propriedades potenciam-se ajudando no tratamento contra o colesterol alto.


Sopa de Dente de Leão

  • 2 tomates inteiros e maduros

  • 3 dentes de alho

  • ¼ de chávena de manjericão

  • 2 pedaços de gengibre

  • 3 inhames

  • ½ cebola grande

  • ½ chávena de salsa picada

  • 1,5 dl de azeite

  • 5 chávenas (chá) de água

  • 2 a 3 pés de dente de leão


Depois de lavada, raspe a raiz do dente de leão para que fique impecavelmente limpa. Pique aos pedacinhos bem pequenos o dente de leão, o inhame, o tomate, o alho e a cebola e coloque numa panela. Adicione a salsa, o manjericão, o gengibre (inteiro para depois de pronta a sopa, poder retirá-lo), azeite e a água. Deixe cozinhar por 40 minutos, ou até o inhame se apresentar macio.


Penne com dente-de-leão e bacon

  • 2 litros de água com meia colher (sopa) de sal

  • 150g de macarrão de massa curta, de preferência penne ou um tubo

  • 2 colheres (sopa) de azeite de oliva extravirgem

  • 40g de bacon picado em cubinhos

  • Meia pimenta dedo-de-moça fresca, bem madura e sem sementes, picada fina

  • 100g de folhas de dente-de-leão

  • 4 dentes de alho negro (se não tiver alho negro, junte ao bacon fatias de alho fresco. Vai ficar bom do mesmo jeito)


Ponha numa panela a água salgada e leve ao fogo. Quando ferver, junte o macarrão e cozinhe pelo tempo indicado na embalagem (cerca de 8 minutos ou até ficar al dente, ou seja, macio porém firme). Numa frigideira, ponha o azeite e o bacon e frite até o bacon dourar, sem deixar torrar. Adicione a pimenta picada, refogue e junte o dente-de-leão picado. Refogue até começar a murchar. Tempere com sal a gosto (cuidado porque o bacon já tem sal) e junte o alho negro fatiado no final do preparo. Escorra o macarrão, ponha na frigideira e incorpore à verdura, chacoalhando várias vezes a frigideira. Sirva bem quente com lascas de queijo da canastra curado, se quiser. Dica: uma salada com folhas jovens regadas com vinagre e a gordura quente em que se fritou bacon também pode seduzir.


Dente de leão refogado

  • 1 maço de folhas de dente de leão

  • 1 cebola cortada em tiras (usei cebola roxa)

  • 1-2 dentes de alho picados

  • 1/4 xícara de tomate seco

  • 1 colher (sopa) de azeite de oliva

  • Sal


Lave bem as folhas de dente de leão. Pique  grosseiramente. Aqueça uma frigideira e refogue as tiras de cebola com o azeite  de oliva. Junte o alho e refogue por mais um minutos. Coloque as folhas de dente de leão e misture bem. Por fim coloque o tomate seco. Refogue até as folhas murcharem. Sirva quente.


Molho de Pesto de Dente de leão

1/4 chávena azeite

1 chávena de folhas 

1/4 chávena de nozes

3 c. sopa queijo parmesão ralado [opcional]

1 dente de alho

Sal q.b.


Pique e misture todos os ingredientes.




Fontes:

https://www.tuasaude.com/dente-de-leao/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Taraxacum_officinale

https://revistajardins.pt/dente-de-leao-planta-saude/

https://www.santolegume.com.br/dente-de-leao-refogado/

https://www.centrovegetariano.org/Article-513-Dente-de-le-o.html

https://parquebiologico.pt/animais-plantas/flora/item/dente-de-leao

https://lifestyle.sapo.pt/astral/terapias/artigos/plantas-que-curam-dente-de-leao

https://www.cozinhandopara2ou1.com.br/2019/09/13/molho-pesto-de-dente-de-leao-panc/

https://paladar.estadao.com.br/noticias/receita,penne-com-dente-de-leao-e-bacon,10000012455






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