Monday 15 March 2021

Poejo (Mentha pulegium)

O poejo (Mentha pulegium), da família Lamiaceae, é uma das espécies mais conhecidas do género Mentha. Também conhecido por Hortelãzinha, Erva-de-são-lourenço, Poejo-real, Menta-selvagem, Poejo-das-hortas, Hortelã-dos-Açores ou Hortelã-pimenta-mansa.

Esta planta aromática, de crescimento espontâneo, é conhecida há séculos em todo o Mediterrâneo e Ásia, sendo cultivada desde a antiguidade por suas qualidades como aromática e medicinal. Alguns povos da antiguidade utilizavam a planta para confeccionar coroas a serem usadas em cerimónias religiosas e para espantar maus espíritos. Gregos e romanos consumiam a erva na forma de chás e infusões, com objetivos medicinais e utilizavam-na para purificar águas poluídas. Era também costume queimar a erva para repelir as pulgas e outros insetos das residências, daí o nome Pulegium, do latim, que deriva de pulex, uma referência às “pulgas”. Os antigos chineses também já faziam referências às virtudes calmantes e antiespasmódicas desta planta aromática.


Na Nova Inglaterra, é conhecido como folha da bíblia e nos anos 90, a banda Nirvana criou uma música chamada Pennyroyal Tea, que em uma tradução livre significa "chá de poejo".




Descrição

É uma planta perene cespitosa de raízes rizomatosas. Os seus erectos talos quadrangulares, muito ramificados, podem chegar a medir entre 30 a 40 cm. As folhas são lanceoladas e ligeiramente dentadas, de cor entre os verdes médio e escuro. Dispõem-se opostamente ao longo dos talos. As diminutas flores rosadas nascem agrupadas em densas inflorescências globosas.


Existem duas espécies de poejo distintas: o poejo inglês (Mentha pulegium) perene, resistente e altura que ronda os 30 cm; e o poejo americano (Hedeoma pulegioides) anual e também bastante resistente, pode atingir alturas superiores (40cm).


Cultivo

Cresce bem em locais húmidos ou junto de cursos d' água como lagos e riachos, onde pode ser encontrada selvagem entre gramíneas e outras plantas. Gosta de solos ricos em matéria orgânica, leves e bem drenados com um pH entre 5,0 a 6,5. Adapta-se bem a climas amenos e húmidos, com muita luminosidade e meia sombra. Não tolera geadas severas pelo que deve plantar poejo num local abrigado. Nas épocas de chuva não necessita de regar, no Verão, regue pelo menos uma vez por dia. O poejo pode ser atacado por ácaros e afídeos por exemplos. Quanto às doenças, a ferrugem e o oídio são das mais comuns.


O Poejo caracteriza-se por ser uma planta vivaz sendo a melhor época para efectuar a sementeira entre Fevereiro [dias antes das últimas geadas] e Junho. Pode cultivar poejo através da propagação por mudas (ramos do poejo) obtidos por divisão de touceira ou pode também ser cultivado por estacas rizomatosas. Antes de plantar poejo garanta que as “covinhas” que abriu tenham alguma profundidade ( pelo menos 10 cm). Pode plantar poejo praticamente todo o ano, mas aconselho-o a fazê-lo nas estações da Primavera e do Outono. Garanta apenas que quando for fazer esta operação, exista humidade suficiente pois é um dos requisitos essenciais para esta cultura se desenvolver bem. O poejo entra em floração a partir de Julho e estende-se até Setembro. A poda do poejo é também muito importante. Faça-a algum tempo após a floração.


Se pretender uma produção de poejo mais profissional, em campo, adopte um espaçamento entre plantas que permita que num metro quadrado possam ser plantadas 5 a 6 plantas (~ 20 cm entre plantas). Se só quiser ter um produção mais caseira numa floreira, distancie as plantas pelo menos 15 cm umas das outras.


A colheita de poejo pode ser feita a partir dos dois meses após ter feito a plantação, após o início da floração. Para tal, corte os galhos floridos, logo abaixo das flores. Nesta altura, os ramos devem ter pelo menos 20 cm de comprimento. Caso pretenda secar o poejo, colha na Primavera e no Verão antes e depois da floração. Neste sentido, pendure os ramos de poejo pela base para que sequem mais facilmente ao ambiente.



Nutrição

As propriedades do poejo incluem sua ação digestiva, estimulante, tônica estomacal, sudorífera, adstringente, emenagoga, febrífuga, anti-inflamatória, expectorante, carminativa, vermífuga, relaxante,  diaforético, colagogo, antiséptico, refrescante, antimicrobiano, antiviral, antibiótica, broncodilatador, abortiva, espasmódica, anti-helmíntica, tônica, cicatrizante e desintoxicante. Os taninos e ácidos fenólicos presentes nesta planta tem uma ação antioxidante. Contém ainda vitaminas (A e folatos), minerais (potássio e magnésio) e flavonóides.


O poejo tem fitoquímicos e diversos princípios ativos na sua composição, nomeadamente, óleo essencial com pulegona, o eucaliptol, linalol e α-pineno4, estes são substâncias bioativas que atuam como antioxidantes, bactericidas, antivirais, fitoesteróis e indutores ou inibidores de enzimas.



Utilização

O Poejo é utilizado pelo seu aroma e propriedades desde a antiguidade, o seu aroma é semelhante ao da hortelã-pimenta e o seu paladar é refrescante e aromático como a hortelã. Possui um aroma intenso e penetrante, por ser adstringente, contrai os tecidos e tende a secar as mucosas, quando em contato com a boca pode produzir sensação de aspereza.


Na culinária, pode ser consumida toda a planta, as folhas, talos, flores e raízes. É ótimo para temperar cozidos, assados, pratos salgados, como pratos de peixe, açorda, caldeiradas, pratos de carnes como carneiro, caracóis, e também pratos doces, como pudim, torta, compota e na salada de fruta. Pode ser ainda utilizado em infusões, azeite aromatizado, sumos, cocktails e chás. O poejo é ainda muito célebre graças ao licor que se faz a partir da planta, o chamado Licor de Poejo, sobre o qual existem inúmeras receitas.


A nível da medicina, é indicado para o tratamento de gripe, resfriados, constipações, febre, tosse, catarros, dores reumáticas, dor de cabeça, infecções respiratórias,bronquite e asma. O poejo é considerado um calmante do sistema nervoso, indicado no combate às insónias.


Combater a falta de apetite, melhorar a digestão e aliviar os sintomas de má digestão, a acidez do estômago, cólicas, menstruação atrasada, gases, meteorismo, fermentação, discinesia biliar, verminoses, parasitoses, amenorréia, obesidade, reduzir os sintomas da azia e combater parasitas intestinais.


Muito utilizada ainda contra doenças de pele como urticária, coceira, sarampo, psoríase, sarna, herpes, halitose.


Por extração de um óleo essencial, também pode ser usada em aromaterapia. Além disso, tem sido demonstrado que o óleo essencial de poejo poderia servir como pesticida, podendo também ser útil no controle de crescimento de fungos, bactérias e parasitas em plantas, por exemplo. 


As folhas esmagadas podem ser usadas para aplicar em feridas porque atua como refrescante e antisséptico, atuando ainda como repelente natural afastando moscas, mosquitos, formigas e traças. O Poejo quando fervido juntamente com manjericão e 1 sabonete, vira um creme que quando usado sobre o corpo funciona como repelente de insetos, muito utilizado por pescadores e acampados. 


Os efeitos anti-helmínticos do poejo (contra o parasitas intestinais echinococcus granulosus) foram reconfirmados num estudo realizado na Universidad Nacional de Mar del Plata na Argentina. Também a hortelã-pimenta demonstrou um efeito para o mesmo problema, embora com intensidade menor. Vários estudos recentes confirmam o efeito antioxidante e anti mutagénico do poejo e de outras mentas.

O mesmo tem sucedido com o efeito antibiótico, com uma especificidade para a klebsiella, reduzindo a sua resistência aos antibióticos convencionais. Um estudo realizado pela Universidade de Navarra, em Espanha, e publicado na Phytotherapy Research em 2010, aponta ações neuroprotetoras e neuroquímicas do poejo, com ação inibidora das MAO, enzimas que degradam os neurotransmissores. Um mecanismo que pode vir a justificar a sua ação ao nível de doenças do sistema nervoso central, como o Alzheimer, o Parkinson ou a depressão. Um estudo do Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica (iBET), localizado na Estação Agronómica Nacional, em Oeiras, associa-lhe ainda componentes com potencial efeito antitumoral, tal como sucede com a cereja, o agrião e a hortelã.



Contra Indicações

Torna-se hepatotóxica em doses elevadas ou em períodos longos. Pode originar vómitos e até provocar depressão cardiorrespiratória. Não deve ser utilizada durante a gravidez (pode provocar aborto), aleitação, em crianças menores que 6 anos, doentes com sensibilidade gastrointestinal ou com doenças neurológicas.


Os efeitos colaterais do poejo estão relacionados com o consumo em altas quantidades e/ou regular durante longos períodos, o que pode resultar em sintomas leves, como dor abdominal, náuseas, vômito e diarreia, e sintomas mais graves como convulsões, alterações no fígado, alterações respiratórias e aborto, quando consumido no início da gestação.


O poejo está contraindicado para crianças menores de 12 anos, mulheres grávidas, doentes com sensibilidade gastrointestinal ou com doenças hepáticas ou neurológicas e pessoas que possuem problemas renais.



Receitas

Açorda com Poejo

  • Poejo fresco a gosto

  • 1 malagueta

  • Azeite

  • Sal q.b.

  • 1 cebola (partida finamente)

  • 3 dentes de alho

  • 3 tomates sem pele e bem maduros

  • Bacalhau desfiado (q.b.)

  • 1 folha de louro

  • 1 tira de pimento vermelho em pedacinhos

  • Delícias do mar (em quadrados pequenos)

  • 2 ovos (ou 1 por pessoa)

  • Pão alentejano


Colocar o azeite no tacho: sal, alho, cebola, malagueta, louro, pimento e tomate sem pele partido finamente. Deixar apurar. Retirar então o louro. Cozer o bacalhau em pouca água. Retirar da água. Juntar a água a ferver por cima do pão fatiado e tapar. Desfiar o bacalhau, escorrer bem a água da cozedura e juntar ao refogado quando este estiver bem apurado e a água do tomate já tiver evaporado. Deixar cozinhar um pouco. Juntar então o pão, mexer, e juntar a água da cozedura que achar necessária (conforme a textura que mais gostar numa açorda). Incorporar os poejos aos pedacinhos e deixar cozinhar levemente. Retificar o sal, se necessário. Retirar do lume. Juntar os ovos previamente batidos e incorporar na massa batendo-a bem. Por fim e mesmo antes de levar à mesa, juntar as delícias do mar aos bocadinhos.


Tortilhas de Favas com Pesto de Poejo e Cenoura Doce

  • Azeite qb

  • 2 dentes de alho médios

  • 3 colheres (sopa) de pinhões ligeiramente tostados

  • 2 colheres (sopa) de queijo pecorino

  • 1 ramo de poejos frescos

  • 5-6 folhas grandes de manjericão fresco

  • 1 limão, raspa e sumo

  • Pimenta preta

  • 250 gr de favas, sem pele

  • 1 cenoura grande

  • Vinagre mirin

  • 1 requeijão


Preparar o pesto, triturando o alho com os pinhões, os poejos, o majericão, uma pitada de pimenta e a raspa de limão. Triturar bem até o preparado começar a ficar homogéneo, formando uma pasta. Adicionar azeite a gosto e sumo de limão. Voltar a triturar. Rectificar temperos e reservar. Cozer as favas em água a ferver durante 4-5 minutos. Retirar do lume, deixar arrefecer ligeiramente e esmagar grosseiramente com um garfo. Reservar. Entretanto, descascar as cenouras e laminá-las. Pincelar um grelhador com azeite e grelhar as fatias de cenoura. Quando começarem a alourar regar com um pouco de vinagre mirin, mexer com cuidado e retirar para um prato. Para a montagem, envolver bem a esmagada de favas com o pesto de poejos, dispor um pouco desta pasta sobre as tortilhas (frias ou aquecidas), juntar a cenoura e pedaços de requeijão. Polvilhar com poejos frescos e um pouco de pimenta e servir.


Rosti com Ovo Escalfado e Poejos

  • 700 g batatas (usei batata normal e batata doce)

  • 2 chalotas, finamente picadas

  • 1 c. sopa de mostarda

  • 2 c. de sopa de poejos picados

  • 1 pitada sal e pimenta caiena

  • 2 c. de sopa de óleo ou azeite

  • 4 ovos, à temperatura ambiente

  • 50 g folhas de espinafre


Pré-aqueça o forno a 200°C. Descasque as batatas e rale-as. Coloque-as sobre uma peneira e aperte firmemente para remover todo o excesso de líquido. Coloque depois as batatas numa tigela grande e junte as chalotas picadas, a mostarda, os poejos picados e tempere a gosto, com sal e a pimenta caiena. Regue com uma c. sopa de azeite e envolva bem todos os ingredientes. Numa frigideira anti-aderente, coloque o restante azeite ou óleo, e deixe aquecer bem. Deite colheradas de batata e pressione suavemente, de modo a obter uma camada uniforme. Reduza o lume e cozinhe por 20 minutos ou até a base ficar dourada. Transfira a frigideira para o forno e deixe cozinhar por mais 15 minutos, ou até que o topo esteja também ele dourado e a batata crocante mas macia. Entretanto, leve ao lume uma panela com água até esta ferver e coloque os ovos para escalfar (3 a 4 minutos). Servir, com o ovo escalfado e as folhas de espinafre.


Licor de Poejo

  • 20g poejos 

  • 500ml de aguardente

  • 400ml de água

  • 400gr de açúcar branco 


Juntar os poejos, depois de arranjados e devidamente lavados, à aguardente deixando em repouso, por 20 dias, em local escuro. Misturar a água com o açúcar e levar ao lume até levantar fervura. Deixar ferver cerca de 5 minutos, deixar arrefecer e juntar à aguardente, depois de ter rejeitado os poejos. Deixar a macerar por mais 30 dias.  Findo esse tempo, filtrar o licor e guardar em garrafas devidamente esterilizadas.


Para obter um licor mais forte não junte a calda do açúcar e faça assim: Junte a aguardente com o açúcar branco, os poejos e deixe macerar por 1 a 2 meses em local escuro. Mexa de vez em quando para que o açúcar vá dissolvendo. Findo esse tempo, basta rejeitar os poejos e filtrar o licor.


Outras receitas de licores de poejo:

https://spoonacular.com/recipes/licor-de-poejo-verde-699740

https://momentodaarte.com.br/cursos/licores-caseiros/default.asp?r=56

https://hora-da-buxa.blogspot.com/2020/02/licor-de-poejos-horadabuxa.html


Chá de Poejo

Para fazer o chá de poejo, basta colocar 10 gramas de folhas em uma panela e cobrir com 200 ml de água fervente. Abafar até amornar, coar e beber a seguir. Tomar de 2 a 3 xícaras por dia.

Chá para a gripe

Faça uma tisana com uma colher (de sopa) de poejo fresco, juntando a mesma quantidade de tomilho, alecrim, tília e flores de sabugueiro. Deixe dez minutos em infusão, adicione uma colher de mel e sumo de um limão. Beba antes de deitar e mais três vezes, durante o dia.


 Chá para abrir o apetite

Prepare uma tisana com meia colher (de sopa) de poejo, sementes de funcho e folhas de alcachofra. Deixe dez minutos em infusão e beba 20 minutos antes de cada refeição.



Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Poejo

https://www.tuasaude.com/poejo/

https://www.cm-mafra.pt/pages/1006

https://auchaneeu.auchan.pt/vida-saudavel/nutricao/poejo/

https://lifestyle.sapo.pt/saude/peso-e-nutricao/artigos/poejo

https://www.jardineiro.net/plantas/poejo-mentha-pulegium.html

http://receitasdaromy.blogspot.com/2012/06/licor-de-poejos.html

http://www.plantillustrations.org/illustration.php?id_illustration=81281

https://cookpad.com/mz/receitas/10731557-rosti-com-ovo-escalfado-e-poejos

https://www.aromaticasvivas.com/pt/produtos-ervas-aromaticas-cortadas-poejo

https://agriculturaemar.com/cultive-poejo-em-casa-tudo-o-que-deve-saber-para-produzir-esta-planta/






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